terça-feira, 9 de agosto de 2011

Seca coloca cidade em alerta e Defesa Civil recomenda cuidados à população.

Deve perdurar pelo menos até sexta-feira o quadro grave da seca registrada desde o início do mês. A previsão é do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que alertou para a possibilidade de índices de umidade relativa do ar abaixo de 30% nos próximos dias. Ontem,o índice e chegou a 26%. Este ano, a umidade atingiu 19% nos dois primeiros dias do mês, o que corresponde a um estado de alerta, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).Segundo os meteorologistas, a seca deve se agravar.

Na semana passada, a Secretaria de Estado de Defesa Civil declarou estado de atenção para Brasília. O aviso, emitido quando a concentração de umidade no ar chega a menos de 30%, tem o objetivo de lembrar a população dos cuidados necessários com a saúde no tempo de seca (veja quadro).

Nas escolas, professores e alunos recebem, a partir desta semana, a recomendação de consumir mais água e evitar exercícios sob o sol. Suspensões ou mudanças de turno de aulas só devem ocorrer caso a umidade caia ainda mais. “O risco à saúde seria uma umidade abaixo de 12%”, ressaltou o major Alexandre Ataídes, da Defesa Civil. Tal índice somente foi registrado em Brasília em 2002 e em 2004, quando a umidade atingiu o menor nível da história do DF: 10%. Esse foi, segundo os parâmetros da OMS, um estado de emergência.

Quem torce para que os índices de umidade não caiam são os que mais sofrem com o tempo seco, como profissionais que passam o dia ao ar livre e os atletas. A estudante Erika Guedes, 22 anos, começou a praticar exercícios recentemente e já sente os efeitos da desidratação. “O cansaço é bem maior, fico fraca e ofegante, além de sentir sede a toda hora”, reclamou. Seu colega de corrida, o professor Carlos Eduardo Granato, 23, já é experiente e aumenta os cuidados com a hidratação nesta época. “Venho com uma garrafa de água gelada e uma toalha para a transpiração. Ainda tomo uma água de coco, que é quase um prêmio depois do exercício”, ensinou.

Na opinião dos meteorologistas, a seca vivida pelo brasiliense este ano está dentro dos padrões esperados para a época. “O pior ainda está por vir. O inverno é uma coisa cumulativa: tem a queda de temperatura e de umidade e depois as queimadas pioram sensivelmente a atmosfera com a fuligem”, explicou o meteorologista Manoel Rangel, do Inmet.

Segundo Rangel, os índices devem voltar a marcar menos de 20% a partir da segunda quinzena do mês e continuarão baixos até a metade de setembro. Ele destaca que, para fugir dos efeitos da seca, é necessário evitar o sol no horário crítico, entre as 14h e as 16h, assim como áreas empoeiradas, que aumentam a sensação de secura. “Uma dica é observar o pôr do sol. Quanto mais bonito ele estiver, pior está a atmosfera. Isso acontece porque as partículas em suspensão criam as tonalidades coloridas”, alertou.

Choque
Quem está habituado ao tempo seco da capital passa sem preocupações nesta época. A advogada brasiliense Ana Cássia de Oliveira, 26 anos, afirma que prefere a estiagem à época de chuvas. Na opinião dela, a sede é um preço baixo a pagar pelo conforto de saber que não terá de enfrentar uma chuva. “Acho supertranquilo. Não me sinto confortável no litoral, pois não gosto de chuva nem de tempo frio”, detalhou.

Recém-chegada de Manaus, Klissia Lorenna Oliveira, 20 anos, não vê a seca como sua amiga Ana Cássia. Klissia ainda sofre com o choque da mudança do estado, pois o Amazonas é conhecido pelas chuvas frequentes. “Foi muito ruim para me acostumar, tive rinite e dores de cabeça. Meu nariz também sangrava muito”, lamentou.

Klissia (E) veio de Manaus: "Foi muito ruim para me acostumar"


Previna-se
Irritação dos olhos, falta de ar e cansaço são apenas alguns dos sintomas causados pela queda da umidade do ar típica do inverno de Brasília. Veja algumas medidas que podem ajudar a aliviar a espera pela chuva:

» Atletas devem diminuir o volume de exercícios, pois é impossível igualar o ritmo da perda de líquidos com a ingestão de água

» Evite exposição ao sol entre as 10h e as 17h

» Umidifique o ambiente por meio de vaporizadores, toalhas molhadas ou recipientes com água

» Beba água em grande quantidade e com frequência. São necessários, no mínimo, seis copos por dia

» Evite banhos prolongados com água quente, assim como o uso excessivo de sabonete, para manter a oleosidade natural da pele

» Os que sofrem com sangramentos nasais nesta época podem aliviar os sintomas umedecendo a mucosa com duas gotas de soro fisiológico

» Evite ambientes com grandes aglomerações ou com ar-condicionado

» Proteja as extremidades do corpo —orelhas, lábios, pés e mãos —, principalmente à noite

» As recomendações são ainda mais importantes para quem sofre de asma ou outro distúrbio respiratório

» Na presença de sintomas graves relacionados à seca, procure um posto de saúde ou hospital. Não se automedique.

Fonte: Secretaria de Defesa Civil / Correio Braziliense

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