quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Defesa Civil alerta para quem mora em regiões com risco de desmoronamento.

Com a chegada da chuva no Distrito Federal, famílias que ocupam áreas irregulares próximas a encostas e à beira de rios se veem em situação de risco de vida diante da iminência de desmoronamento de terra. Conforme mapeamento da Secretaria de Estado de Defesa Civil do DF, imóveis de pelo menos 10 regiões da capital foram construídos em zonas de perigo. O bairro Alto da Bela Vista, na Fercal, é uma delas. Dezesseis famílias receberam notificação do órgão sobre o alerta. No entanto, muitos ainda insistem em continuar nas casas. No total, a Defesa Civil estima que 1.740 pessoas estejam na mesma situação.

A doméstica Lionai dos Santos da Silva, 40 anos, o marido e a única filha do casal, de 4 anos de idade, estão acomodados em um dos lotes que corre o risco de despencar de uma altura de quase seis metros. Desde que foi emitido o alerta do órgão responsável pelo registro, há uma semana, a família vive em agonia. “Já estou providenciado outra moradia para a gente, porque não dá mais para ficar aqui. Quando chove à noite, nem consigo dormir”, afirmou a moradora do bairro Alto da Bela Vista, na Fercal. A poucos metros de onde vive Lionai, o lavrador Sandoval Francisco de Oliveira, 47 anos, recusa-se a deixar o lugar que ele, a esposa e quatro filhos vivem há dois anos. A casa está alojada ao lado de uma espécie de muro de terra, que a qualquer momento pode se desmanchar e encobrir o imóvel. “Desde que eu vim morar aqui existe isso. Não tenho medo porque acho que o terreno não irá ceder”, disse o lavrador.

Sem regularização
O subsecretário da Defesa Civil, coronel Sérgio Bezerra, diz que o Estado não pode investir em áreas irregulares. “É inviável gastar em obras como captação de água das chuvas, por exemplo. Para que isso seja feito, exige-se regularização do local, já que a maioria é de ocupações desordenadas”, ressaltou o oficial. Bezerra ainda afirmou que vários órgãos do Governo do Distrito Federal se preparam para atender à população em casos de necessidade de remoção, entre eles, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest), a Secretaria da Ordem Pública do Distrito Federal (Seops) e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do DF (Codhab).

Enquanto o governo não cria oportunidades de mudança de parte dessas famílias, a saída para muitos é conviver com o perigo. É o caso do aposentado Rosemiro Alves dos Santos, 69 anos, e da dona de casa Maria Silva dos Santos, 64. O orgulho de terem construído a própria casa há um ano, na Fercal, foi desmoronado quando souberam que precisariam deixar o local assim que a chuva chegasse. Mesmo concordando com o aviso da Defesa Civil, o casal não pensa em sair de lá. “Para onde eu vou? Minha vida toda está aqui. Todos da minha família moram aqui”, desabafou Rosemiro. Além de situado em uma área de risco, o lote está cercado de problemas: rachaduras, infiltrações, afundamento do piso.

Volume normal
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) afirma que a chuva veio para ficar. A precipitação chegou graças a uma frente fria vinda do Sul do país e da umidade do Amazonas. Desde o começo do ano, choveu 651mm, número considerado normal para os parâmetros do Inmet — foram 10,6mm apenas nos dois primeiros dias de outubro.

Do Correio Web.

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