A destruição pelo fogo do restaurante Oca da Tribo serve para alertar
aos brasilienses que casas e estabelecimentos comerciais também estão
vulneráveis às queimadas florestais. Uma das hipóteses do Corpo de
Bombeiros é de que o vento tenha carregado brasas de um incêndio nos
arredores para o telhado de palha do estabelecimento. Com isso, o espaço
tradicional na cidade entra para as estatísticas de edificações,
incluindo pontos comerciais, consumidas pelas chamas. De janeiro a
outubro do ano passado, de acordo com os bombeiros, foram 1.642
registros dessa natureza (ou cinco por dia), mais que todo o ano de 2009
(1.405 ocorrências).
Ontem, até as 20h, foram registrados 45
focos de incêndio no Distrito Federal. Ao todo, este ano, o Corpo de
Bombeiros atendeu 1.300 chamados para apagar o fogo que devora o cerrado
nesta época seca. Desde 10 de junho, não cai uma gota de chuva no
Distrito Federal. Ontem, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet)
registrou 21% de umidade nas horas mais quentes do dia. Na
segunda-feira, o índice ficou em 19%, o segundo mais baixo do ano. “A
expectativa é que a próxima chuva ocorra somente na segunda quinzena de
setembro. Está dentro do normal. Ainda não dá para esperar uma seca pior
ou melhor que a do ano passado”, disse a meteorologista Maria das Dores
de Azevedo.
O major Mauro Sérgio de Oliveira, da Comunicação
Social do Corpo de Bombeiros, recomenda a quem mora perto do cerrado que
mantenha materiais combustíveis, como madeira, palha e panos, longe das
matas. O militar alerta ainda que, na hora de construir, é importante
delimitar uma distância segura entre a obra e a mata e dar uma atenção
especial à parte elétrica do prédio ou da casa. “São cuidados que ajudam
a evitar uma tragédia. Mesmo assim, precisamos lembrar que incêndios
florestais se propagam, normalmente, pelo vento ou por animais atingidos
pelas chamas, que tentam fugir e levam o fogo para outras áreas. Nesses
locais, aconselhamos construções de alvenaria, que são mais resistentes
às chamas”, explicou.
Perigo
Quanto
à estrutura do Oca da Tribo, o major disse que não há problema em
construir um estabelecimento de palha e madeira, mas que nesse caso o
proprietário precisa de um plano de combate a incêndio específico para
ambientes com alto risco desse tipo de ocorrência. No caso do
restaurante, o projeto estava em dia, o que não evitou que o local fosse
totalmente consumido pelas chamas. “Não é um erro ser de palha, mas o
risco nesse caso é muito maior. Se estivéssemos do lado do local, ainda
assim, a destruição seria total. É importante pensar na hora de
construir. Nesse caso, os riscos são maiores e o proprietário sabe
disso”, disse o major Mauro de Oliveira. O tradicional restaurante fica a
uma distância de 200 metros da mata que incendiou na tarde de ontem. O
fogo no cerrado e no Oca da Tribo pôde ser visto de várias partes do
Plano Piloto, incluindo a Esplanada dos Ministérios.
Exigências
Todo e qualquer
estabelecimento comercial precisa atender às exigências
de segurança
do Corpo de Bombeiros. As determinações variam de acordo com o tamanho e
a finalidade do prédio. Rotas de fuga preestabelecidas, extintores de
incêndio posicionados, hidrantes e aspersores automáticos (dispositivos
que soltam água quando detectada fumaça no local) são alguns dos itens
importantes nas edificações.
Correio Web.
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