O período de seca chegou para valer no Distrito Federal. E, com ele, as
queimadas. Nos primeiros 10 dias deste mês, o Grupamento de Proteção
Ambiental do Corpo de Bombeiros registrou 190 incêndios florestais. O
fogo destruiu, até agora, uma área de 955,4 hectares, o que equivale a
955 campos de futebol. Somente ontem, até as 19h, a Central Integrada de
Atendimento e Despacho (Ciade) atendeu 65 ocorrências, a maior delas no
Parque Nacional. Até o início da noite, os militares, com a ajuda de
moradores do Núcleo Rural 2 Boa Esperança, tentavam controlar as chamas,
que tiveram início durante o dia.
Se comparado com o ano
passado, os chamados de 2011 tiveram uma redução. Em maio, foram 72
chamados, contra 240 no mesmo período de 2010. Em julho de 2010, foram
registrados 640 incêndios e uma área de 2.848,07 hectares atingida pelas
chamas, de acordo com o grupamento especializado. Em junho deste ano,
os bombeiros atenderam a 408 ocorrências, o que provocou a destruição de
855 hectares. No ano passado, foram 483 queimadas em uma área de
1.402,7 hectares. Segundo o comandante do Grupamento de Proteção
Ambiental, major Marcos Antônio Apolônio, pelo menos 80% dos incêndios,
“intencionalmente ou por descuido”, são provocados pelo homem. “Muitos
fazem uso indevido do fogo para limpar o pasto ou o terreno e as chamas
fogem do controle”, explicou.
O número de queimadas registradas
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no DF foi menor em
comparação ao apontado pelos bombeiros. De 1º de junho até ontem, foram
detectados dois focos pelo satélite NOAA-15, usado no sistema de
monitoramento de queimadas. Desde janeiro, foram cinco. No mesmo período
de 2010, o aparelho identificou 22 focos. A quantidade de incêndios é
menor porque o satélite só detecta queimadas com pelo menos 30m de
extensão. Quando não afeta a copa das árvores ou quando há nuvens, o
Inpe não registra.
Cerca de 70 militares do Grupamento de
Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros trabalham diariamente para
atender os chamados. Durante o período mais seco, esse número pode
chegar a 190, segundo o major Marcos Antônio. “Temos um plano de
prevenção no qual fazemos visitas a propriedades rurais e a escolas. E
atuamos também com o nosso plano de combate”, informou o comandante do
grupo especializado.
A casa da secretária Vilma Gomes Rodrigues,
46 anos, moradora do Núcleo Rural 2 Boa Esperança, quase foi atingida
pelas chamas do Parque Nacional. O sobrinho dela, Valderico Maia, 20,
estava sozinho no local pela manhã quando percebeu o incêndio. Ele
trabalhou com os bombeiros. “O fogo percorreu toda a lateral da casa e
os fundos, chegou perto da parede do galinheiro. A sorte é que ele ligou
a irrigação e o fogo não atingiu a nossa casa”, contou a secretária,
aliviada. Vilma, que mora na mesma casa há mais de 10 anos, disse nunca
ter visto um incêndio dessa proporção. “Esse foi o que chegou mais
próximo. Fazemos limpeza do mato e não queimamos folhas para evitar as
queimadas.”
Prservação
O
Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal
(Ibram) também faz um controle das queimadas no DF. Desde 2008, é
realizado o Programa de Monitoramento de Área Queimada dos Parques e
Unidades de Conservação do DF (Promaq-DF) para coletar informações sobre
incêndios florestais e criar uma base de dados que permita a análise de
riscos de incêndios. Até ontem, o órgão identificou 41 focos. O Parque
Ecológico do Cortado, em Taguatinga, foi o mais atingido, com sete
pontos verificados.
O brasiliense deve se preparar para os
próximos dias e ficar atento para evitar as queimadas. De acordo com o
Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o tempo vai ficar ainda mais
seco até o fim desta semana. Ontem, o órgão acusou umidade relativa do
ar entre 75% e 30%. Hoje, a mínima deve chegar a 25%. Até agora, a
umidade mais baixa do ano foi registrada na última quarta-feira: apenas
20%. O instituto também não prevê chuva para os próximos dias. Os
incêndios ocorreram com mais frequência em 2010 porque o ano foi mais
seco do que o normal. A chuva neste ano caiu até junho, o que retardou a
chegada do período de seca.
Correio Web
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