terça-feira, 12 de julho de 2011

Queimadas já destruíram o equivalente a 955 campos de futebol no DF

O período de seca chegou para valer no Distrito Federal. E, com ele, as queimadas. Nos primeiros 10 dias deste mês, o Grupamento de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros registrou 190 incêndios florestais. O fogo destruiu, até agora, uma área de 955,4 hectares, o que equivale a 955 campos de futebol. Somente ontem, até as 19h, a Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciade) atendeu 65 ocorrências, a maior delas no Parque Nacional. Até o início da noite, os militares, com a ajuda de moradores do Núcleo Rural 2 Boa Esperança, tentavam controlar as chamas, que tiveram início durante o dia.

Se comparado com o ano passado, os chamados de 2011 tiveram uma redução. Em maio, foram 72 chamados, contra 240 no mesmo período de 2010. Em julho de 2010, foram registrados 640 incêndios e uma área de 2.848,07 hectares atingida pelas chamas, de acordo com o grupamento especializado. Em junho deste ano, os bombeiros atenderam a 408 ocorrências, o que provocou a destruição de 855 hectares. No ano passado, foram 483 queimadas em uma área de 1.402,7 hectares. Segundo o comandante do Grupamento de Proteção Ambiental, major Marcos Antônio Apolônio, pelo menos 80% dos incêndios, “intencionalmente ou por descuido”, são provocados pelo homem. “Muitos fazem uso indevido do fogo para limpar o pasto ou o terreno e as chamas fogem do controle”, explicou.

O número de queimadas registradas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no DF foi menor em comparação ao apontado pelos bombeiros. De 1º de junho até ontem, foram detectados dois focos pelo satélite NOAA-15, usado no sistema de monitoramento de queimadas. Desde janeiro, foram cinco. No mesmo período de 2010, o aparelho identificou 22 focos. A quantidade de incêndios é menor porque o satélite só detecta queimadas com pelo menos 30m de extensão. Quando não afeta a copa das árvores ou quando há nuvens, o Inpe não registra.

Cerca de 70 militares do Grupamento de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros trabalham diariamente para atender os chamados. Durante o período mais seco, esse número pode chegar a 190, segundo o major Marcos Antônio. “Temos um plano de prevenção no qual fazemos visitas a propriedades rurais e a escolas. E atuamos também com o nosso plano de combate”, informou o comandante do grupo especializado.

A casa da secretária Vilma Gomes Rodrigues, 46 anos, moradora do Núcleo Rural 2 Boa Esperança, quase foi atingida pelas chamas do Parque Nacional. O sobrinho dela, Valderico Maia, 20, estava sozinho no local pela manhã quando percebeu o incêndio. Ele trabalhou com os bombeiros. “O fogo percorreu toda a lateral da casa e os fundos, chegou perto da parede do galinheiro. A sorte é que ele ligou a irrigação e o fogo não atingiu a nossa casa”, contou a secretária, aliviada. Vilma, que mora na mesma casa há mais de 10 anos, disse nunca ter visto um incêndio dessa proporção. “Esse foi o que chegou mais próximo. Fazemos limpeza do mato e não queimamos folhas para evitar as queimadas.”

Prservação
O Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Distrito Federal (Ibram) também faz um controle das queimadas no DF. Desde 2008, é realizado o Programa de Monitoramento de Área Queimada dos Parques e Unidades de Conservação do DF (Promaq-DF) para coletar informações sobre incêndios florestais e criar uma base de dados que permita a análise de riscos de incêndios. Até ontem, o órgão identificou 41 focos. O Parque Ecológico do Cortado, em Taguatinga, foi o mais atingido, com sete pontos verificados.

O brasiliense deve se preparar para os próximos dias e ficar atento para evitar as queimadas. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o tempo vai ficar ainda mais seco até o fim desta semana. Ontem, o órgão acusou umidade relativa do ar entre 75% e 30%. Hoje, a mínima deve chegar a 25%. Até agora, a umidade mais baixa do ano foi registrada na última quarta-feira: apenas 20%. O instituto também não prevê chuva para os próximos dias. Os incêndios ocorreram com mais frequência em 2010 porque o ano foi mais seco do que o normal. A chuva neste ano caiu até junho, o que retardou a chegada do período de seca.



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